Após 1 ano sem pagar os saques de seus clientes, a Atlas Quantum continua existindo sob o codinome “Phoenix” e oferecendo um token irrelevante chamado BTCQ (Bitcoin Quantum) em troca dos Bitcoins que os clientes possuíam na antiga plataforma, que por outro lado, estão sendo misturados através de mixers e vendidos em diversas exchanges e P2Ps em quantidades menores. O golpe é estimado na casa das centenas de milhões e desde então, os clientes aguardam um posicionamento das autoridades, enquanto empresários brasileiros do ramo de criptomoedas fizeram um acordo de silêncio em troca de receberam seus Bitcoins da Atlas.

Desde que a CVM obrigou a Atlas a cessar suas operações no Brasil, a empresa vem ganhando tempo enrolando os clientes com falsas desculpas. Enquanto isso, não se houve mais falar dos cabeças e nem mesmo dos funcionários.
O que está acontecendo de fato
Infelizmente, a justiça é lenta quando se trata de criptomoedas e os cabeças da empresa estão ganhando tempo e esperando que os clientes desistam e liquidem seus BTCs por BTCQ. Enquanto isso, os Bitcoins dos clientes estão sendo mixados (misturados) através de uma complexa rede de wallets (CoinJoin) com o objetivo de ocultar a origem das transações e vínculos anteriores e estão sendo vendidos por aí, em alguma exchange ou comprador de BTC P2P. Acontece que, já existem empresas especializadas quando o assunto é rastreio de criptomoedas (mesmo mixadas).
O que os clientes devem fazer
Os clientes brasileiros precisam anotar todas as wallets utilizadas pela Atlas Quantum para efetuar seus respectivos pagamentos e entrar em contato com a Polícia Civil mais próxima e registrar um Boletim de Ocorrência relatando o problema enfrentado com os saques e anexar o máximo de informações possíveis. Se o cidadão não for brasileiro, deve procurar pela autoridade policial mais próxima.
O que os advogados devem fazer
Como muitos clientes estão tendo êxito nos processos mas não estão conseguindo reaver seus fundos, os advogados devem criar um dossiê e anexá-lo a uma denuncia formal ao MPF para que investiguem o golpe. A partir daí, a Policia Federal será acionada e a investigação pode ter participação de outras autoridades internacionais.
Firmas podem rastrear os fundos
Através de triangulação de wallets já conhecidas em conjunto com falhas nos protocolos de mixagem, empresas especializadas em análise de Blockchain já estão trabalhando em parceria com autoridades de todo mundo para prender criminosos que utilizaram/utilizam criptomoedas para cometer crimes como hacking e lavagem de dinheiro.
Wasabi Wallet Patches Flaw That Could Have Thwarted Bitcoin Privacy Feature
https://www.coindesk.com/wasabi-wallet-coinjoin-bitcoin-privacy-trezor
O usuário ErgoBTC, entusiasta de privacidade do Bitcoin e investigador da OXT Research, publicou um artigo na rede social Medium detalhando todo o processo de mixing dos 2.9 bilhões de dólares de fundos roubados no golpe do PlusToken que levaram a prisão de 6 pessoas em uma ilha da oceânia. Eles utilizaram CoinJoin da Wasabi Wallet.
Tracking the PlusToken Whale: Attempted Bitcoin Mixing and Its Impact on Wasabi Wallet
https://medium.com/@ErgoBTC/tracking-the-plustoken-whale-attempted-bitcoin-laundering-and-its-impact-on-wasabi-wallet-787c0d240192
Empresas especializadas em análise de Blockchain
CipherTrace
A CipherTrace pode ter um motivo real para se gabar – ela faz a pontuação usual de risco e oferecem algumas soluções regtech, mas é sua integração com o conhecido sistema de inteligência de ameaças da Maltego que os diferencia da concorrência. Os funcionários da Maltego têm acesso direto aos dados da CipherTrace para investigações de crimes cibernéticos. No entanto, seu produto conjunto pode beneficiar qualquer usuário de criptografia que queira fazer sua devida diligência e verificar um endereço, uma transação ou uma carteira. A CipherTrace deanonimizou um dos mixers mais antigos – BitcoinFog.


Chainalysis
Pioneira no fornecimento de software AML/KYC do mercado, a empresa desenvolveu um pacote de software de investigação com a intenção de auxiliar a aplicação da lei no combate a atividades ilícitas online. Eles também oferecem um pacote de software de conformidade para plataformas de criptomoedas que procuram impedir os malfeitores entre seus usuários. Eles encerraram o ano de 2018 com uma parceria com a Binance, uma das principais plataformas de negociação de criptomoedas. Chainalysis coopera com o FBI, DEA, IRS.
Elliptic
Com sede no Reino Unido, é um dos maiores fornecedores de dados analíticos de Blockchain. A Elliptic embarcou em várias bolsas de valores e instituições financeiras equipando-as com ferramentas de inteligência. A empresa colabora com o FBI, SEC, IRS e outros.

Bitfury Crystal
Crystal – é um produto do Bitfury Group projetado para ajudar os responsáveis pela aplicação da lei e reguladores, bem como qualquer usuário de criptografia, fornecendo-lhes relatórios de risco detalhados sobre qualquer transação escolhida; o software pode visualizar todo o histórico de uma determinada transação até seu destino final.

Neutrino
Empresa cujas tecnologias de inteligência de Blockchain foram aplicadas com sucesso na deanonimização da plataforma JoinMarket em 2016.
Coinfirm
A Coinfirm possui uma linha de produtos de 4 soluções, sendo elas ferramentas AML/KYC, Trudatum para autenticação de transações e documentos por meio de assinatura digital e seu próprio token – AMLT, que é recompensado aos membros da rede AMLT por informações sobre endereços suspeitos, carteiras, etc. Abaixo está um exemplo de relatório de risco da Confirm.

Conclusão
Nesse caso, a quebra de sigilo bancário, de e-mails e contas em exchanges (nacionais e internacionais) de TODAS as pessoas suspeitas de integrarem o golpe da Atlas Quantum devem ser levados em consideração, afinal, mesmo que os fundos estejam sendo mixados, cedo ou tarde eles serão vendidos em alguma exchange ou comprador de BTC P2P. Os e-mails são obrigatoriamente utilizados para se cadastrar nas exchanges, e se um dia já foram, o provedor de e-mails tem acesso aos logs, metadados e etc. Se a autoridade policial tem acesso ao histórico bancário dos suspeitos, consegue ver quem enviou e recebeu dinheiro, pode entrar em contato com o responsável pela transação e pode coletar mais informações a partir dai. Além do mais, todas as exchanges armazenam o histórico de operações e transações na plataforma, o que pode facilitar na triangulação durante o processo investigativo das wallets utilizadas para mixing.